terça-feira, 12 de junho de 2012

O BANHO CARRAPATICIDA BEM DADO


O banho carrapaticida bem dado

Banho mal dado é um problema

O banho carrapaticida é, quase sempre, a única atividade realizada pelo produtor para combater carrapatos nos bovinos de leite. Os rebanhos de leite, por terem maior grau de sangue holandês e por serem manejados de maneira mais intensiva, sofrem mais com esse parasita. A maior infestação dos bovinos de leite causa um círculo vicioso que deve ser quebrado. Como os animais têm muito carrapato, precisam ser banhados com maior frequência, o que toma tempo. Por causa disso, os banhos têm sido feitos com pressa na maioria das vezes, não matando os carrapatos, criando resistência e multiplicando as populações nos animais. Existem algumas regras simples, porém muito importantes, as quais, se seguidas, auxiliarão muito no controle dos carrapatos no rebanho.


O preparo da solução carrapaticida

No preparo da solução para aplicação nos animais está a primeira regra importante. É fácil de entender que nunca se conseguirá uma mistura homogênea do carrapaticida com a água, quando se despeja a pequena quantidade necessária de carrapaticida na grande quantidade de água do pulverizador. Para que a mistura fique homogênea, é necessário, primeiro, diluir-se o carrapaticida numa pequena quantidade de água (2 ou 3 litros) e misturar-se muito bem. Só depois disso é que essa mistura deve ser despejada no pulverizador, completando-se então com a quantidade de água necessária para a quantidade de carrapaticida utilizada na calda, misturando-se muito bem novamente. Esse procedimento é o único capaz de garantir que todos os animais serão banhados com a mesma concentração do carrapaticida, o que é muito importante para se ter sucesso.

O uso correto do equipamento


Os equipamentos de pulverização do tipo “pulverizador costal” ou “pulverizador capeta” devem estar em boas condições de uso. Isso quer dizer que, com pressão suficiente, devem permitir a saída da mistura bem homogeneizada, na forma de um jato com microgotículas, que, com muita velocidade, são capazes de penetrar nos pêlos dos animais e atingir os carrapatos pequenos, sob esses pêlos. Aparelhos que não seguram pressão, ou que seus bicos não permitem a formação dos jatos de microgotículas, causam desperdício de tempo e dinheiro, uma vez que jatos fracos e com gotículas espessas e mais pesadas apenas cobrem pequena área do corpo dos animais, e, portanto, escorrem para o chão com mais facilidade.

Como dar o banho carrapaticida

O ato do banho em si concentra a maior parte dos problemas relativos à tarefa do “banho carrapaticida”. Para ser bem dado, os animais devem ser contidos por corda, canzil, brete de tábuas estreitas ou cordoalha de aço, e banhados individualmente. Devem ficar completamente molhados, garantindo-se, assim, que todas as partes do corpo receberam a mistura com carrapaticida, que matará todos os carrapatos. Para isso, gastam-se em média três a quatro litros para banhar um animal adulto.

Os carrapaticidas utilizados em banhos de aspersão somente matarão os carrapatos que forem molhados pela mistura. Assim sendo, aqueles carrapatos pequenos, micuins, que por não serem vistos não são molhados, não morrerão, continuando a crescer, até que as fêmeas caiam ao chão e coloquem muitos ovos. Esta é uma das causas mais frequentes de queixa de produtores, que afirmam somente terem sucesso com banhos a cada 10 ou 15 dias. Acontece que, como o banho só é dado nas partes dos animais onde se encontram mais carrapatos, os carrapatos das outras partes vão trocando de lugar e crescendo, e nesse período de 15 dias já são visíveis nas regiões do corpo que foram banhadas, necessitando mais banho nos animais.

O banho deve ser aplicado em sentido contrário ao dos pêlos, e de cima para baixo nos animais. Deve ser dado sempre a favor do vento. Tanto na preparação da solução do banho, como na sua aplicação, a pessoa deve proteger-se com luvas, máscara e roupa apropriada. O banho nunca deve ser realizado em horas de sol forte e nem em dias de chuva. Se no dia definido para o banho, estiver chovendo, deve-se deixar os animais presos sob a coberta por umas duas horas, após o banho, para depois soltá-los.

Tipo de produto carrapaticida

O manejo de carrapaticida é fundamental para o sucesso dos banhos, chegando-se ao ponto de afirmar que nada do que aqui está dito terá valor, se os carrapatos do rebanho já estiverem resistentes ao carrapaticida. Os carrapaticidas estão divididos por grupos químicos ou famílias, ou seja, cada grupo ou família tem uma forma de matar os carrapatos. Com o uso, naturalmente os carrapatos vão se tornando resistentes aos carrapaticidas. Essa resistência levará mais ou menos tempo para ocorrer, em vista do número de carrapatos que sobreviverem após cada contato com o produto (pelo banho carrapaticida). Um produto carrapaticida, ou produtos de um mesmo grupo ou família, deve ser utilizado por um tempo suficientemente grande, dois a três anos no mínimo, da maneira mais correta possível, e pelo menor número de vezes possível (banhos estratégicos), para que a resistência demore mais a se instalar na população de carrapatos. Decorrido esse tempo, ou percebendo-se que os carrapatos já não morrem mais após um banho bem feito, deve-se então trocar de carrapaticida, optando-se por um, de um outro grupo ou família diferente do atual, que tenha uma boa relação de custo por litro de solução pronta para o banho, e, principalmente, seja eficiente contra os carrapatos do rebanho. Em virtude do uso inadequado e da troca constante de carrapaticidas que o produtor tem feito, já não é tão fácil encontrar-se um carrapaticida com essa característica.

Melhor época

A melhor época de combater-se os carrapatos com melhores resultados é a dos meses quentes do ano, janeiro a abril, quando crescem e morrem mais rapidamente. O sistema de banhos estratégicos recomendado se fundamenta numa série de cinco ou seis banhos intervalados de 21 em 21 dias. Dessa forma cobrirão um período capaz de eliminar do pasto e dos animais uma geração inteira (a mais rápida do ano), que, não havendo, não dará origem às outras três gerações que ocorrem normalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Com isto, ficarão no pasto poucos carrapatos, que ao parasitarem os animais não causarão prejuízo econômico, e ao mesmo tempo permitirão a manutenção da imunidade dos animais ante os agentes da Tristeza Parasitária Bovina, transmitidos pelos carrapatos. Nova série de banhos carrapaticidas deve ser realizada no mesmo período do ano seguinte.

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